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domingo, 25 de setembro de 2011

tinguá



ntre os anos 70 e 80, Tinguá era para mim sinônimo de cachoeira e piquenique. O programa em família começava num ônibus desconfortável e lotado, que percorria a estrada de terra até o longínquo bairro de Nova Iguaçu. Há poucos dias, voltei lá. E, com um outro olhar, (re)descobri Tinguá - um lugar ainda pacato, acolhedor e com uma natureza privilegiada.

Com as ruas e estradas asfaltadas, e de automóvel, não achei o percurso de 26 quilômetros, do centro de Nova Iguaçu até lá, tão longo. Ao longo da RJ 111, mais conhecida como Estrada Zumbi dos Palmares, vi, pela primeira vez, as ruínas de alguns patrimônios históricos do município. Da Fazenda São Bernardino, construída em estilo neoclássico em 1875, não sobrou quase nada - uma placa da prefeitura anuncia que a construção está em processo de restauração, mas não havia outro sinal de obras no local. Por um caminho de terra, cheio de lixo, cheguei ao lugar onde ficava a Igreja de Nossa Senhora da Piedade e o cemitério dos nobres e o dos plebeus. Da igreja, resta uma torre. Já a última morada dos plebeus ainda é utilizada pela população local.

Antes de Nova Iguaçu virar município, em 1833, o ponto mais movimentado do lugarejo ficava nos arredores de Tinguá. Lá se localizava o porto da Vila de Iguaçu, por onde escoava a produção dos fazendeiros locais – citricultores e cafeicultores, em sua maioria. Uma história que não lembro de ter conhecido nos tempos de escola. (Curioso como é possível viver num lugar por tantos anos, mantendo-se ignorante – no sentido de ignorar - sobre sua história e seus personagens.)

No caminho, soube que sítios da região têm investido no turismo ecológico, oferecendo tanto lazer diurno como pernoite. Uns poucos dispõem na sua programação de caminhadas pela mata atlântica, passeios a cavalo, trilha de mountain bike, rapel em cachoeira. Muitos têm criações de animais – carneiros, patos, cavalos, coelhos e/ou peixes – e piscinas. E aí, vem a pergunta, por que tantas piscinas numa região de cachoeiras?

Em 1989, foi criada a Reserva Biológica de Tinguá. Nos seus 26 mil hectares de Mata Atlântica, localizados entre a Zona Metropolitana e a Região Serrana do estado do Rio de Janeiro, está a maior parte das quedas d`água da região. No escritório do Fórum de Turismo e Desenvolvimento Sustentável do Tinguá fui informada de que, fora da reserva, existem duas na Fazenda Faísca. Em outros lugares, no máximo, há corredeiras.

Perto da praça principal e da sede da antiga estação ferroviária, datada de 1917 e desativada, está o point da maior parte dos banhistas que visitam Tinguá. A Rua da Administração é estreita e fica às margens das corredeiras que rolam pelas pedras, fora da Reserva Biológica. À primeira vista, o que se vê são becos, portões, grades, que cercam a região. Donos de bares lotearam a área e as corredeiras viraram “piscinas”. A entrada é gratuita, mas geralmente não é permitido levar bebidas e “farofa” (comida). Do consumo, vem o lucro dos comerciantes.

Fora dali, provei o tempero de dona Terezinha. Moradora da região há 30 anos e casada com um ex-caçador, hoje ambientalista e defensor da Mata Atlântica, ela é dona da Pensão Capixaba (Estrada da Administração 72), onde serve uma comidinha caseira ao preço de R$ 5, a refeição. E, de cortesia, sobremesa - doces de frutas da região - e cafezinho.

Por fim, explico o título desse texto. No km 12 da RJ 111, parei na Escola Municipal Família Agrícola Vale do Tinguá para conhecer um pouco sobre o projeto Escola Família Agrícola. Curiosa, perguntei ao padre belga Paulo Muller, coordenador do projeto, se sabia a origem do nome Tinguá: “Dizem que significa nariz grande, mas não sei se é". Se Teresópolis tem o Dedo de Deus, Tinguá tem um nariz de uma beleza natural abençoada.

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